História da Medicina em São Luís
Uma pequena história da medicina na Cidade de São Luís,
tecida através da combinação entre as matrizes culturais das práticas de cura,
um quadro das epidemias e doenças recorrentes, a construção das instituições
hospitalares e, sobretudo, a difícil constituição da medicina acadêmica frente
à situação calamitosa de insalubridade e higiene. A cidade é uma fábrica de
epidemias e vidas enfermas, principalmente em suas zonas pobres e desprezadas
pelos governos, onde predominam os princípios da medicina popular, dos
raizeiros e benzedores.
Neste meio difícil, a historiadora Maria de Lourdes Lauande
Lacroix faz um conciso trajeto, desde as características da realidade colonial,
tempos de ausência costumeira de físicos e cirurgiões e do predomínio dos
boticários e barbeiros. Época dos
tratamentos à base de sangrias, purgas e clisteres, buscando restaurar o que
entendiam como equilíbrio do corpo, mas geralmente pouco eficazes, ainda
distantes da compreensão da origem das doenças. O processo de colonização e a
maior parte do período imperial foram de predomínio da terapêutica indígena e
dos curandeiros africanos, complementado basicamente pela ação das confrarias
religiosas e a regulamentação longínqua das determinações oficiais. Apenas de
muito deficiente, o ambiente medico resultaria herdeiro de uma multiplicidade
de práticas, onde as tradições de cura, expressas no manejo da fantástica flora
e de preceitos religiosos, se misturavam aos conhecimentos trazidos pelos cirurgiões
ou inscritos nas farmacopeias portuguesas.
A partir do século XIX, destaca a ação de um tipo de médico
missionário, verdadeiro sacerdote imbuído na crença na ciência, movido, em
grande parte, por uma ética humanitária, em luta diária contra a proliferação
das moléstias. O momento seguinte será de sua substituição progressiva pelo
trabalho coletivo de especialistas em hospitais e clínicas, com a mediação do
aparato tecnológico e da ação de seguradoras, administradoras e interesses da indústria
farmacêutica, marco do distanciamento entre médico e pacientes.
Acompanhando a trajetória de formação e a prática de muitos
nomes importantes da medicina local, o livro propicia a visão da genealogia do
médico de família, clinico e generalista por definição, dispondo de recursos
laboratoriais quase artesanais, até a sua superação pela diversificação dos
estudos, a chegada de novos profissionais, a configuração das especialidades,
os avanços no campo do diagnóstico e do tratamento e a institucionalização
tardia do ensino superior, desde a luta pela fundação da Faculdade de Ciências
Médicas do Maranhão.
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História da medicina em São Luís
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